“E
(Jesus) transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e
as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés
e Elias, falando com ele”. (Mateus 17.2-3)
O
aparecimento de Moisés e Elias no Monte da Transfiguração é um testemunho de
que a Lei e os Profetas cumprem-se em Cristo, o Messias prometido.
1 Seis dias depois, tomou JESUS consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte. 2 E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. 3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. 4 E Pedro, tomando a palavra, disse a JESUS: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés e um para Elias. 5 E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o. 6 E os discípulos, ouvindo isso, caíram sobre seu rosto e tiveram grande medo. 7 E, aproximando-se JESUS, tocou-lhes e disse: Levantai-vos e não tenhais medo. 8 E, erguendo eles os olhos, ninguém viram, senão a JESUS.
O relato sobre a transfiguração, conforme narrado nos evangelhos sinóticos é um dos mais emblemáticos do Novo Testamento (Mt 17.1-13; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36). Além do nome de Moisés, o texto põe em evidência também o nome de Elias. Todavia diferentemente dos outros textos até aqui estudados, Elias não aparece como a figura central, mas como uma figura secundária! O centro é deslocado do profeta de Tisbe para o Profeta de Nazaré. Jesus, e não mais Elias, é o centro da revelação bíblica. Moisés, Elias, Pedro, Tiago e João, também nominados nesse texto aparecem como figurantes numa cena onde Cristo, o Messias prometido, é a figura principal. O Evangelho de Mateus e Marcos falam de “um alto monte”, já Lucas fala de “um monte”. Segundo a tradição o monte onde ocorreu a transfiguração é conhecido como o Monte Tabor sendo por isso considerado como um dos lugares santos para os cristãos na Terra Santa, particularmente reverenciado pelas igrejas orientais, nomeadamente pela Igreja Ortodoxa Grega.
Monte da Transfiguração
O Monte Tabor é uma montanha
na Galiléia, na seção leste do vale de Jizreel, cerca 17 km a oeste do Mar da
Galileia, a 575 metros acima do nível do mar.
É também conhecido como "Monte da Transfiguração".
Igreja da Transfiguração
Foi aos pés do Monte Tabor
que a profetisa Débora e Baraque derrotaram as forças de Sísera, Jz 4.14: "Então disse Débora a Baraque: Levanta-te, porque este é
o dia em que o Senhor tem dado Sísera na tua mão; porventura o Senhor não saiu
diante de ti? Baraque, pois, desceu do Monte Tabor, e dez mil homens após
ele".
“E (Jesus) transfigurou-se
diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se
tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando
com ele”. (Mateus 17.2-3) – A palavra “transfigurou-se” no grego é metamorphose,
que significa “mudança de forma”, a palavra grega morphé é uma das palavras
gregas que significa forma. O apóstolo
Paulo cita essa palavra em Romanos 12.2 ao falar sobre a transformação do homem
interior, há outras passagens onde Paulo utiliza da mesma palavra como
Filipenses 2.6, ao referir-se ao Senhor Jesus antes da encarnação, quando declara
“que sendo em forma de Deus, não teve como usurpação ser
igual a Deus”.
I. ELIAS,
O MESSIAS E A TRANSFIGURAÇÃO
1.
Transfiguração.
Este
acontecimento teve como objetivo principal demonstrar que JESUS de fato era o
Messias esperado. Moisés também apareceu neste episódio. Sabemos que ele
tipificava a lei e Elias prefigurava os profetas que predisseram a vinda do
Messias. Moisés e Elias não possuíam glória
própria. Ainda que fossem homens fiéis ao Senhor, eram humanos, sujeitos a
falhas e erros, porém, eles irradiavam a glória proveniente do CRISTO.
Que possamos, como Filhos de DEUS, regenerados em JESUS CRISTO, irradiar também
a glória do Profeta de Nazaré.
A Transfiguração dos Seguidores de CRISTO
"E todos nós, com o
rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos
transformados, de glória em Glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o
ESPÍRITO" (2
Coríntios 3:18). Temos que permitir que nossas vidas sejam transformadas pela
glória de CRISTO. DEUS quer que compartilhemos de sua natureza divina (2 Pedro
1:4), e que CRISTO habite em nós (Colossenses 1:26-28; Gálatas 4:19; Efésios
2:19-22). Paulo escreveu: "Estou crucificado com CRISTO; logo, já não sou eu quem vive, mas
CRISTO vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no
filho de DEUS, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gálatas 2:19-20).
Imagine-se acordando uma noite, com JESUS ao lado de seu leito. Você deixa seu
corpo e CRISTO entra nele. Agora, seu corpo ainda pareceria exatamente o mesmo.
Mas de agora em diante é CRISTO quem realmente habita em seu corpo. É claro que
este evento não ocorrerá exatamente assim, mas seu resultado tem que ser assim.
Tenho que permitir que minha vida, minhas ações, minhas palavras e até meus
pensamentos sejam moldados como a imagem de CRISTO.2. Glória divina.
Mateus
detalha que durante a transfiguração "uma nuvem
luminosa os cobriu" (Mt 17.5).
É relevante
o fato de que Mateus, ao escrever o evangelho aos hebreus, põe em evidência o
fato de que Jesus é o Messias anunciado no Antigo Testamento.
Isso pode
ser visto na manifestação da nuvem luminosa, que está relacionada com a
manifestação da presença de Deus (Êx 14.19,20; 24.15-17; 1 Rs 8.10,11; Ez 1.4;
10.4).
Tanto Moisés
como Elias, quando estiveram no Sinai, presenciaram a manifestação dessa
glória.
Todavia, não
como os discípulos a vivenciaram no Monte da Transfiguração (Mt 17.1,2).
- Transfiguração provou para os discípulos e para nós aquilo que JESUS sempre fora: o verbo divino encarnado.
II.
ELIAS, O MESSIAS E A RESTAURAÇÃO
1.
Tipologia.
No evento da transfiguração observamos que o
texto destaca os nomes de Moisés e Elias (Mt 17.3). Há um entendimento na
igreja cristã que Moisés prefigura a Lei enquanto Elias, os profetas. E
perceptível nessa passagem que Moisés aparece como uma figura tipológica. De
fato, Mateus procura mostrar isso quando põe em evidência o próprio Deus
falando aqui: “A Ele ouvi” (Mt 17.5). Moisés havia dito exatamente estas
palavras citadas nesse texto quando se referia ao Profeta que viria depois
dele: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus
irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15). A transfiguração revela
que Moisés tem seu tipo revelado em
Jesus de Nazaré e que toda a lei apontava para Ele.
2.
Escatologia.
Enquanto
Moisés ocupa um papel tipológico no evento da transfiguração, Elias aparece em
um contexto escatológico. O texto de Malaquias 4.5,6 apresenta Elias como o
precursor do Messias vindouro. O Novo Testamento aplica a João, o Batista, o
cumprimento dessa Escritura: “E irá adiante do Senhor no espírito e poder de
Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes
à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado” (Lc 1.17;
Mt 11.14). Assim como Elias, João foi um profeta de confronto (Mt 3.7); um
profeta ousado (Lc 3. 1-14) e um profeta rejeitado (Mt 11.18). A presença do
Batista, o Elias que havia de vir, era uma clara demonstração da messianidade de
Jesus.
- No evento da transfiguração, Moisés prefigurava a Lei e Elias os profetas.
III.
ELIAS, O MESSIAS E A REJEIÇÃO
1. O
Messias esperado.
Tanto
os rabinos como o povo comum sabiam que antes do advento do Messias, Elias
apareceria (Ml 4.5,6; Mt 17.10; 16.14). O relato de Mateus sugere que os
escribas não reconheceram a Jesus como o Messias porque faltava um sinal que
para eles era determinante — o aparecimento de Elias antes da manifestação do
Messias (Mt 17.10). Como Jesus poderia ser o Messias se Elias ainda não viera?
Jesus revela então que nenhum evento no programa profético deixara de ter o seu
cumprimento. Elias já viera e os fatos demonstravam isso. Elias havia sido um
profeta do deserto, João também o foi; Elias pregou em um período de transição,
João prega na transição entre as duas Alianças; Elias confrontou reis (1 Rs
17.1,2; 2 Rs 1.1-4), João da mesma forma (Mt 14.1-4). Mais uma vez ficara
claro: João era o Elias que havia de vir e Jesus era o Messias.
2. O
Messias rejeitado.
O
texto de Mateus 17.1-8, narrando o episódio da transfiguração inicia-se com a
sentença: “Seis dias depois” (Mt 17.1). O texto coloca a transfiguração num
contexto onde uma sequência de fatos devem ser observados. Os eruditos observam
que “seis dias” é uma outra forma de dizer: “uma semana depois”. De fato o
texto paralelo de Lucas fala de “oito dias”, isto é, uma semana depois (Lc
9.28). O contexto, portanto, põe o evento no contexto da confissão de Pedro (Mt
16.13-20) e no discurso de Jesus sobre a necessidade de se tomar a cruz (Mt
16.24-28). O Messias revelado, portanto, em nada se assemelhava ao herói da
crença popular. Pelo contrário, a sua mensagem, assim como a do Batista, não agradaria
a muita gente e provocaria rejeição.
- João era o Elias que havia de vir e JESUS era o Messias.
IV. ELIAS,
O MESSIAS E A EXALTAÇÃO
1.
Humilhação.
Os
intérpretes observam que havia uma preocupação dos discípulos sobre a relação
do aparecimento de Elias e a manifestação do Messias. Esse fato é demonstrado
na pergunta que eles fazem logo após descer o monte da transfiguração (Mt
17.10). Como D. A. Carson observa, o fato é que a profecia referente a Elias
falava de “restaurar todas as coisas” (Mt 17.11) e os discípulos não entendiam
como o Messias tanto esperado pudesse morrer em um contexto de restauração.
Cristo corrige esse equívoco mostrando que a cruz faz parte do plano divino
para restaurar todas as coisas (Mt 17.12; Lc 9.31; Fl 2.1-11).
2.
Exaltação.
Muito tempo depois desses acontecimentos da
transfiguração, o apóstolo Pedro ainda lembra dos fatos ocorridos e os cita em
relação à exaltação e glorificação de Jesus e também como prova da veracidade
da mensagem da cruz: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós
mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte
de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a
seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (2 Pe 1.16,17).
- JESUS deixou claro que a cruz faz parte do plano divino para restaurar todas as coisas.
CONCLUSÃO
Vimos, pois, que os eventos ocorridos durante a Transfiguração aconteceram para demonstrar que Jesus era de fato o Messias esperado e que tanto a Lei, tipificada aqui em Moisés, como os Profetas, representado no texto pela figura de Elias, apontavam para a revelação máxima de Deus — o Cristo, Jesus. Esses personagens tão importantes no contexto bíblico não possuem glória própria, mas irradiam a glória proveniente do Filho de Deus. Ele, sim é o centro das Escrituras, do Universo e de todas as coisas (Cl 1.18,19; Hb 1.3; F1 2.10,11).